terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Mestrado especializado




CARLOS LORDELO - O ESTADO DE SÃO PAULO - 25/02/2013 - SÃO PAULO, SP
Caçula da pós-graduação no País, o mestrado profissional (MP) dobrou de tamanho nos últimos cinco anos e atingiu a marca de 499 cursos. Apesar do crescimento expressivo, a modalidade, reconhecida pelo governo em 1998, ainda não é tão procurada quanto o mestrado acadêmico e a especialização, que são mais antigos.
Os programas de especialização geralmente são mais breves (têm 360 horas de duração) e ampliam os conhecimentos técnicos e científicos dos alunos em uma área. Já os mestrados duram em média dois anos e vão além: estimulam a reflexão teórica e visam a formar pesquisadores para a academia ou profissionais para o mercado de trabalho. Enquanto as especializações concedem certificado, os mestrados dão título de mestre e abrem portas para lecionar no ensino superior.
Para tornar os MPs mais atrativos, o Ministério da Educação (MEC) baixou novas regras em 2009. A modalidade passou a ser avaliada sob critérios diferentes dos cursos acadêmicos. Desde então, por exemplo, as escolas podem ampliar seu quadro de professores sem titulação mas com reconhecida experiência profissional nas áreas dos programas.
Os alunos também saíram ganhando. Os MPs deixaram de exigir dedicação integral, como seus irmãos acadêmicos, e agora aceitam mais formas de comprovar a conclusão do curso. Isso pode ser feito com a entrega de relatórios de pesquisa, patentes e aplicativos. Ou seja, qualquer projeto que atenda à finalidade do programa serve para concluir o mestrado profissional. Apresentar uma dissertação é só uma das possibilidades.
Um ponto fundamental não mudou: o rigor da avaliação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), órgão do MEC responsável pela pós-graduação stricto sensu (mestrados e doutorados). Só 29 MPs existentes no País (ou 5,8% do total) têm hoje a nota máxima 5. Outros 376 receberam nota suficiente para funcionar.
“A cada três anos nós avaliamos o programa. Se ele tirar 1 ou 2, é descredenciado e impedido de receber alunos. Para voltar a funcionar, deve passar pelo mesmo trâmite da criação de um novo curso”, diz o diretor de avaliação da Capes, Lívio Amaral.
A regulamentação serve de referência para a qualidade de cada programa, diferentemente do que ocorre com as pós-graduações lato sensu - as especializações precisam obedecer a critérios mínimos, mas não são avaliadas pela Capes.
Para o professor José Luiz Rossi Jr., coordenador do MP em Economia do Insper, um dos melhores do País, a avaliação dá visibilidade à pós stricto sensu. Segundo ele, o aumento do número de programas profissionalizantes se deve à descoberta de um nicho de mercado. “As instituições perceberam que havia espaço para cursos mais especializados do que as pós-graduações lato sensu.”
Profundidade
Formado no Instituto Militar de Engenharia (IME), Rodrigo Maranhão, de 26 anos, buscou o renomado Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa), no Rio, para aprofundar o conhecimento sobre mercado financeiro - ele trabalha na gestora de fundos Brookfield. Rodrigo deve concluir o MP em Métodos Matemáticos em Finanças nesta quinta-feira, 28, com a apresentação de uma dissertação. “No mestrado, você vê conteúdos em um nível de profundidade tão grande que fica mais fácil depois raciocinar e tomar decisões no trabalho”, afirma.
Segundo o coordenador do curso do Impa, Jorge Zubelli, o MP nasceu de um programa acadêmico cuja grade foi adaptada em 2008. Para manter a qualidade do curso, a instituição faz uma seleção criteriosa. “É fundamental que o candidato tenha sólida base em matemática. Olhamos o histórico acadêmico e cartas de recomendação de professores”, diz. Resultado: apenas três ou quatro pessoas se formam a cada ano. “Muitos alunos iniciantes são convidados para trabalhar em São Paulo, onde há mais oportunidades no mercado financeiro, e abandonam o curso.”
Os melhores
A Universidade Federal da Bahia (UFBA) também aposta em um recrutamento exigente no curso de Conservação e Restauração, o melhor MP do País na área de Arquitetura. “A pós existe desde 1981 e, na essência, já era um mestrado profissional antes do reconhecimento formal da Capes à modalidade”, conta o vice-coordenador do curso, Luiz Antonio Cardoso.
O MP tem dois semestres de aulas presenciais e outro de orientação a distância. Muitos alunos são de outros Estados e alguns do exterior. O trabalho final deve ser um projeto de intervenção. “Uma aluna ganhou prêmio com seu estudo sobre a possibilidade de restaurar bicas públicas de Olinda (PE).”
Cursos de elite são exceção no Nordeste. Por lá, só quatro MPs têm nota máxima - dois da Federal da Bahia e dois da de Pernambuco (UFPE). Na região Sul também é escasso o número de programas top: os três melhores são da Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Já no Norte e no Centro-Oeste nem sequer há MPs com conceito 5.
Lívio Amaral, da Capes, diz que o órgão se esforça para consolidar a pós stricto sensu nessas regiões, mas lembra que a proposta de criação de cursos deve partir de instituições de ensino ou empresas.
Companhias também podem submeter MPs à Capes. A mineradora Vale, por exemplo, selecionará nos próximos meses a primeira turma do curso Uso Sustentável de Recursos Naturais em Regiões Tropicais, em Belém (PA). As aulas devem começar em maio para 20 alunos, alguns deles funcionários.
“Não basta esperar que só o setor público e as universidades gerem conhecimento e tecnologia. As empresas têm de fazer parte do processo. Isso dará retorno a médio e longo prazo”, diz o coordenador do curso da Vale, Roberto Dall’Agnol. Para ele, o projeto é “auspicioso” porque capacitará pessoas em uma região ainda carente de profissionais qualificados.
Concentrado
Enquanto isso, o Sudeste abriga 22 dos 29 cursos de excelência avaliados pela Capes. Entre eles está o tradicional MP em Administração de Empresas da Fundação Getulio Vargas em São Paulo (FGV-SP). Na seleção, a escola analisa a “maturidade” da carreira do candidato.
“O aluno precisa trazer alguma experiência para a sala de aula. Se for muito jovem, não terá muito para acrescentar às discussões com colegas”, diz a coordenadora do curso, Marina Heck. “Quando um aluno do fim da graduação me pergunta sobre pós, sugiro esperar um pouco, adquirir bagagem profissional e fazer uma poupança para depois investir no mestrado profissional.”
O administrador Daniel Finamore, de 27 anos, optou por outro MP da FGV-SP, o de Gestão Internacional, em busca do sonho de trabalhar em multinacional. Conseguiu, e hoje é gerente de produto da francesa L’Oréal. O curso serviu de trampolim, já que o paulista fez o módulo obrigatório no exterior na HEC Paris e depois estagiou na sede da empresa de cosméticos. Voltou recentemente ao Brasil contratado para o escritório do Rio.
Apesar de reconhecer a importância do curso (nota 3 na Capes), Daniel não esquece do que aprendeu antes, na especialização em Marketing da ESPM. “Os cursos agregaram conhecimentos diferentes e complementares”, afirma. “Se você tem dúvidas sobre qual tipo de pós escolher, o melhor é analisar qual rumo profissional quer dar para sua vida.”
MESTRADO PROFISSIONAL OU MBA?
O MBA no Brasil é considerado curso de pós-graduação lato sensu, como as especializações, e só pode ser oferecido por instituições de ensino superior ou escolas credenciadas pelo MEC. Nos EUA e na Europa, os MBAs têm carga horária maior e conferem aos alunos o título de mestre em Administração
PROFMAT
Curso semipresencial para professores de matemática da rede pública de educação básica está formando primeira turma
CIENTISTAS DA PM
A Polícia Militar de SP criou em 2009 um MP em Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública, feito pelos capitães
PARCERIA NA PÓS
A Embraer tem um MP em Engenharia Aeronáutica com docentes do ITA, em São José dos Campos (SP). Mais de 1.150 formados já foram contratados.




segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Jovens e adultos detentos poderão participar do Encceja 2013 em maio




DA REDAÇÃO - IG ÚLTIMO SEGUNDO - 15/02/2013 - SÃO PAULO, SP
Os detentos e os jovens sob medidas socioeducativas (com detenção), que não tiveram oportunidade de concluir o ensino fundamental na idade apropriada, poderão obter seu diploma por meio do Exame Nacional de Certificação de Competências para Jovens e Adultos (Encceja), que será realizado dia 14 de maio. As provas ocorrerão em unidades prisionais e socioeducativas indicadas pelos órgãos de Administração Prisional e Socioeducativa de cada Estado.
Os interessados em participar deverão ter no mínimo 15 anos completos na data de aplicação da prova e precisarão solicitar ao responsável pedagógico de sua unidade que os inscrevam no exame. A inscrição será realizada exclusivamente via Internet, no endereço sistemasespeciais.inep.gov.br/unidadesprisionais/ , a partir das 10h do dia 11 de março, até as 23h59 de 12 de abril de 2013 (horário oficial de Brasília).
Os órgãos de Administração Prisional e Socioeducativa das Unidades da Federação que desejarem indicar unidades prisionais e socioeducativas para aplicação do Encceja deverão firmar termo de adesão, responsabilidade e compromisso junto ao Inep. O prazo para isso se estende das 10h do dia 18 de fevereiro até às 23h59 de 8 de março de 2013.
Os resultados do Encceja podem ser utilizados para obter a certificação de conclusão do ensino fundamental, a critério das secretarias estaduais de educação. Portanto, no ato da inscrição, o responsável pedagógico das unidades prisionais ou socioeducativas deverá indicar a Secretaria Estadual de Educação em que os candidatos pleiteiam a certificação. Compete às Secretarias de Educação definir os procedimentos complementares, com base nos resultados do Encceja 2013, e certificar os aprovados, quando for o caso.
Os interessados em participar do Encceja 2013 poderão ser inscritos em uma ou mais das áreas do conhecimento do Ensino Fundamental: 1) Língua Portuguesa (com redação), Língua Estrangeira Moderna, Educação Física e Educação Artística; 2) Matemática; 3) História e Geografia; e 4) Ciências Naturais. Está assegurado o atendimento diferenciado aos participantes que comprovarem necessidade.


Contra a lei, pais lutam para educar os filhos sem a escola




DA REDAÇÃO - TERRA EDUCAÇÃO - 17/02/2013 - SÃO PAULO, SP
O empresário mineiro Gilmar de Carvalho, indo contra a legislação brasileira, decidiu tirar os dois filhos - um de 15 anos e outro de 12 - da escola e educá-los em casa e no meio virtual. Afirmando que assim eles rendem muito mais, ele destinou um espaço de sua casa para os estudos, mas terá de responder no tribunal se continuar com a decisão. A Justiça determinou no mês passado os adolescentes voltem para a escola até o começo de março, porque a legislação brasileira não prevê a educação domiciliar. Um caso semelhante ocorreu com um casal que vive na zona rural de Caratinga, interior de Minas Gerais, em 2008. O designer Cleber Andrade Nunes afirmou que os filhos, hoje com 18 e 19 anos, se tornaram `autodidatas, sem aquela dependência para serem ensinados para aprender`. As informações são do Fantástico.
Quando tinham 12 e 13 anos, os jovens passaram no vestibular de Direito, para provar que podiam, e agora pretendem fazer o Exame Nacional do Ensino Médio para obter um certificado de conclusão do curso, o que é permitido pelo Ministério da Educação. Essa decisão custou caro para o casal, que até hoje tem problemas com a Justiça. Mesmo se apoiando na Declaração Universal dos Direitos do Homem, eles devem mais de R$ 10 mil e respondem por abandono intelectual. Nos Estados Unidos, a educação domiciliar é aceita em vários estados. Em 2007, 1,5 milhão de crianças estudava assim. No Brasil, um projeto de lei em tramitação no Congresso Nacional pretende liberar esse tipo de aprendizado, mas as crianças teriam que passar por exames periódicos.


quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Como as universidades acompanham as tendências da internet?



elearningO mundo digital é extremamente dinâmico. A cada dia, novidades brotam no mundo digital o que torna mais difícil para que as pessoas assimilem todas as inovações, em muitos casos, quando já estamos entendendo uma determinada ferramenta, aparece outra e depois outra que logo cai no gosto popular e é preciso saber mexer. Uns para uso comum, outros para ganhar dinheiro com as redes.
Uma forma de entender a dinâmica dessas novidades e tendências da Internet é buscar cursos de curta, média ou longa duração para ver na teoria e prática como as redes funcionam. Aqueles que desejam saber como usar a rede para se divertir, não vão procurar cursos profissionalizantes, entretanto, aqueles que atuam com comunicação e marketing e que desejam construir carreiras na área de internet, já entenderam que quanto mais estudarem mais capacitados estarão. 

A partir do momento em que as pessoas buscam escolas para cursos de curta ou média duração, ou mesmo os cursos de longa duração como MBA e pós-graduação, eles precisam se sentir seguros que o dinheiro investido trará um retorno básico: Conhecimento. E esse conhecimento é passado pelo corpo docente dos cursos, por isso, as universidades estão cada vez mais exigindo que os professores estejam antenados em tudo o que acontece no mundo digital, pois em aula, eles serão constantemente testados pelos alunos.

Como fazer uma campanha no Pinterest? Como a marca XYZ deveria ter gerido uma crise? Como fazer uma ação de mídia no Facebook? Se o professor disser “não sei” toda a credibilidade da faculdade pode ir por água abaixo. Nem sempre o professor saberá responder, mas pelo menos 90% das perguntas devem ser respondidas em aula. Os outros 10% que seja respondido em um ou dois dias depois da aula.

Para evitar essa falta de estudos e aprimoramento, as universidades têm optado em contratar profissionais do mercado como docentes, dessa forma, se garante que o professor não será apenas teórico e sim prático, pois ele vai passar em aula seu dia-a-dia. Cada vez mais, os alunos querem saber o “como fazer”. 

Por força do dia-a-dia nas agências, empresas ou veículos, os profissionais são obrigados a estarem antenados em tudo ou se tornam obsoletos na trabalho e serão, fatalmente, trocados por outros colaboradores mais qualificados. 

Texto de: Felipe Morais. Coordenador do curso de pós-graduação de marketing digital da Faculdade Impacta 

Validação de diploma de Medicina pode mudar





LÍGIA FORMENTI - O ESTADO DE SÃO PAULO - 11/02/2013 - SÃO PAULO, SP
Uma nova alternativa para facilitar a validação de diplomas de Medicina obtidos no exterior está em discussão no governo. A ideia é alterar a metodologia do Revalida, exame exigido de profissionais interessados em trabalhar no País. Pela proposta, a definição do padrão de dificuldade das questões, hoje atribuição de professores e médicos, passaria a ser feita por alunos no fim do curso.
Defensores da mudança afirmam que a medida tornaria o exame mais justo. “Não faz sentido aplicar uma prova mais difícil para médicos que se formam no exterior. O padrão tem de ser o mesmo”, afirma o deputado Rogério Carvalho (PT-SE), que acompanha as discussões.
O número de brasileiros interessados em validar o diploma no Brasil deve crescer. Ontem, o Estado mostrou que, depois de Bolívia e Cuba, a Argentina é o novo destino de estudantes que desejam cursar Medicina mas não conseguem vaga em uma universidade pública e não têm recursos para pagar um curso particular, cuja mensalidade custa, em média, R$ 5 mil.
Processo. Para preparar a prova, questões são classificadas como de baixo, médio e alto grau de dificuldade. Nos Exames Nacionais de Desempenho de Estudantes (Enade) e do Ensino Médio (Enem), o padrão de calibragem das questões é feito por meio da análise de desempenho de testes aplicados a estudantes.
Quando a tarefa é desempenhada por professores e profissionais em atividade, dizem defensores da tese, o grau de dificuldade do exame naturalmente é mais elevado. “Claro que o aluno tem uma avaliação distinta de um profissional”, avalia Carvalho.
Oferta. A mudança nas regras do Revalida é discutida desde 2012. A medida é considerada como uma saída de curto prazo para aumentar a oferta de profissionais no mercado, como quer a presidente Dilma Rousseff.
Uma das ideias em debate é uma espécie de estágio para graduados em uma lista de faculdades. Os alunos receberiam uma autorização provisória para trabalhar na rede pública por certo período. Terminado o prazo, o profissional poderia continuar trabalhando no País, sem necessidade da realização do Revalida.
Em janeiro, a Associação Brasileira de Municípios (ABM) entregou carta endereçada a Dilma exigindo a adoção de medidas para resolver a falta de médicos no mercado. Entre as propostas estava o incentivo para “importação” de médicos formados no exterior. Prefeituras afirmam que, diante da falta de médicos, têm de se submeter a “leilões” para poder contratar profissionais.
Entidades médicas contestam os dados. Afirmam que o maior problema do País não é a baixa quantidade de médicos, mas a distribuição irregular dos profissionais. “Defendemos uma política de fixação de médicos, a criação de uma carreira de Estado, como a de juiz: com progressão de carreira, incentivos”, afirma o presidente do Conselho Federal de Medicina, Roberto D’Ávila.
Ele argumenta que, mesmo se houvesse poucos profissionais, a última alternativa deveria ser a flexibilização das regras do Revalida. “Nenhum país sério faz isso. E o resultado sabemos muito bem qual seria: médicos despreparados para população mais carente. O problema de saúde pública não seria resolvido. No máximo seria uma solução no papel.”

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Uso de tecnologia no ensino melhora em 32% rendimento em matemática e física, aponta estudo





VAGNER ALENCAR - DO PORVIR, EM SÃO PAULO - UOL EDUCAÇÃO - 04/02/2013 - SÃO PAULO, SP
Um projeto realizado pelo núcleo de ensino da Unesp (Universidade Estadual Paulista) mostrou que o uso de ferramentas tecnológicas educativas melhoram em 32% o rendimento dos alunos em matemática e física em comparação aos conteúdos trabalhados de forma expositiva em sala de aula.
O estudo Objetos de Aprendizagem em Sala de Aula: Recursos, Metodologias e Estratégias para a Melhora da Qualidade de Ensino foi desenvolvido durante dois anos e avaliou o desempenho de 400 estudantes de oito turmas de 2º e 3° anos do ensino médio da escola estadual Bento de Abreu, em Araraquara, no interior de São Paulo.
Para tanto, as aulas foram divididas entre expositivas e atividades que contavam com o que a pesquisa chama de objetos de aprendizagem, ou seja, recursos tecnológicos que permitem a interação com o conteúdo, como animações, simulações e jogos. Um desses games, por exemplo, ensinava análise combinatória. Nele, os alunos precisavam analisar quantas possibilidades de roupa Susana, a bonequinha animada, poderia usar para ir à balada. Já em outro, usavam o jogo para organizar diferentes times de futebol para aprender sobre arranjo.
Diante da experiência, a pesquisa mostrou que os estudantes com menor desempenho em sala de aula obtiveram maior rendimento com o uso das ferramentas tecnológicas. Aqueles com média cinco, ou abaixo desse valor, melhoraram em 51% seu desempenho em física e matemática. Já aqueles com média acima de cinco, obtiveram um ganho médio de 13%.
`Isso mostra que os alunos que têm maior dificuldade de aprendizagem são os mais beneficiados pelo uso dessa tecnologia. Esses índices evidenciam a importância de olhar com mais atenção para a criação e difusão de recursos que ajudem a inovar as metodologias didáticas` diz Silvio Fiscarelli, coordenador do projeto e responsável pelo departamento de didática da Unesp.
Ao todo, foram trabalhadas cerca de 20 ferramentas tecnológicas nas aulas. Algumas delas, foram criadas pelo núcleo de ensino da Unesp. Porém, a maioria, foi aproveitada de repositórios educativos locais, como o BIOE (Banco Internacional de Objetos Educacionais) e Rived, programa da SEED (Secretaria de Educação a Distância) ou traduzidas de repositórios internacionais.
Segundo Fiscarelli, foram os próprios professores quem ajudaram a selecionar os conteúdos que seriam trabalhados com ferramentas tecnológicas.
Nova fase
Por conta dos bons resultados, neste ano terá início uma versão mais ampla do projeto, que agora passa a ser apoiado com recursos financeiros da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo). O número de alunos atingidos subirá para 600 e a pesquisa contemplará os três anos do ensino médio. Também será expandida a quantidade de disciplinas: além de matemática e física, os professores usarão as ferramentas em português, química e filosofia.
Além disso, diferentemente da versão anterior, os alunos não vão mais precisar se deslocar ao laboratório de informática. Serão fornecidos 35 notebooks para que as atividades sejam realizadas dentro da sala de aula. `Essa será também uma possibilidade de comparar os alunos que usavam o laboratório com os que irão usar os computadores em sala de aula. Assim poderemos também verificar se há algum impacto com a mudança`, diz Fiscarelli.
Outro diferencial desta nova fase será a capacitação dos professores e a entrega de bolsas-auxílio aos seis professores participantes do projeto – diferentemente, da primeira etapa, em que não contavam com nenhuma espécie de formação ou pagamento.
Ao longo do ano, serão oferecidas seis capacitações sobre o uso de notebooks na sala de aula, o que são os objetos de aprendizagem e como utilizá-los em cada uma das áreas. Para dar sustentabilidade à iniciativa, Fiscarelli afirma que também serão criados roteiros (do professor e do aluno) para orientar os professores interessados em replicar a metodologia.
De acordo com ele, a iniciativa surge como um know-how antecipado à expansão da tecnologia em sala de aula, que normalmente foca na entrega de equipamentos sem pensar antes no conteúdo. `Antes de fornecer quais equipamentos é preciso pensar primeiro não no hardware, mas no software. Não adianta levar uma lousa digital para a sala de aula se não tiver por trás um bom software`, diz.