quinta-feira, 5 de julho de 2012


I SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE ECOLOGIA HUMANA



Poderíamos dizer que essa forma de interpretação dos sistemas humanos, culturais e naturais, “nascente” nos anos de 1910 na Escola de Chicago, EUA, no campo das ciências humanas, no Departamento das ciências sociais, nomeada como Ecologia Humana, pôde revelar aspectos dos complexos sistemas ecológicos da experiência humana sobre a Terra. Esta análise bebe, também, da relação de conceitos da ecologia com outras áreas do conhecimento humano como a filosofia, a sociologia, a antropologia, a arqueologia, a geografia, a história, a psicologia, a psicanálise, a psiquiatria, a música, a medicina, a literatura, a farmacologia, a epidemiologia, a etnologia, a linguística, a cibernética, a engenharia, a agronomia, a física, a química, a religião, entre outras. Juan J. Tapia da Escola de Chicago, afirmou que “a ecologia humana é uma hipótese sobre a convivência, a ética e a condição humana. » 
Para Ana Carolina Santos[1], o ponto de partida da Ecologia Humana é o mesmo da ecologia vegetal e a ecologia animal, afirmando que o fato básico para estas ciências é a existência, tanto entre seres humanos como entre plantas e animais, de uma competição constante por um lugar no espaço. Ratifica: “a Ecologia Humana estuda o processo de competição e as relações que dele provenham tal como essas se revelam por índices físicos, principalmente os de espaço.” As tentativas de definição de Ecologia Humana são sempre limitadoras de suas potencialidades, porque não nos livramos do fantasma da verdade das ecologias das plantas e dos bichos dissociadas do sentido humano. A polissemia das “ecologias humanas” é produto das dissociações dos saberes, do esquartejamento da verdade do sujeito, sempre um incômodo ao pensamento reducionista.
Como vimos acima, a Ecologia Humana tem um pendência a resolver com a Biologia, onde se visualiza o intento de classificá-la como uma sub-área associada ao que se chama de “ecologia aplicada,” derivada da ecologia, hoje, assimilada  no campo da “biodiversidade”,  onde habita o sonho de reunir a botânica, a zoologia e a ecologia.  Para muitos teóricos dessas áreas, é insuportável relacionar bichos e plantas com as realidades humanas. Quem sabe, um dia, estaremos falando, nos corredores dos núcleos conservacionistas das ciências, em  uma “sociobiodiversidade”, como já o fazemos em lugares mais livres ao pensamento. Alpina Begossi (1993) afirma que « a ecologia humana transcende a ecologia ». Como pensar, então, a Ecologia Humana na contemporaneidade ? Qual o sentido, no Brasil, de estruturarmos programas de formação em Ecologia Humana quando propostas de reconhecimento da profissão do ecólogo estão sendo vetadas como foi o caso do Projeto apresenatado por Marina Silva vetado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ?
A estruturação das abordagens em ecologia cultural ou antropologia ecológica, da geografia humana, da sociobiologia, da etnologia social, da ecologia evolutiva, da ecologia social, da psicologia ambiental, da psicanálise ecológica, da etnopsiquiatria, da etnofamacologia, da etnoictiologia, da etnozoologia, da etnoecologia, da etnobotância, da etnomusicologia, da ecolinguística, da ecocrítica, da ecologia de sistemas, da ecologia profunda, da ecologia da mente, da ecologia de saberes, da ecologia cognitiva, da ecologia radical, da agroecologia, da ecopedagogia, do ecomarxismo, do ecofeminismo, da etnomatemática, da ecotecnologia, entre outras, é um sinalizador dos complexos caminhos a serem trilhados na tentativa de nomear essa epistemologia convergente de saberes científicos e não-científicos sobre a relação entre os seres humanos e a natureza.
Digamos que, alguns intelectuais têm, hoje, ocupado-se de, sistematicamente, pensar essas experiências banidas, em alguma medida, das ciências ditas naturais e biológicas. Mas, antes, essa é uma narrativa do vivido por diferentes grupos humanos.
Já consolidada em algumas partes do Mundo como EUA, Europa e parte da América  Latina, no Brasil, apesar da densa produção teórica no campo da Ecologia Humana, não se tem associado estas produções à essa área do conhecimento humano.
Por ter criado o primeiro Programa de Mestrado em Ecologia Humana do Brasil, a Universidade do Estado da Bahia (UNEB) estará realizando o I Seminário Internacional em Ecologia Humana, intitulado: “O Estatuto Científico da Ecologia Humana na Contemporaneidade: O Estado da Arte da Ecologia Humana no Brasil”.



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